2012/04/30


Nada não

Há tanto tempo estou perdida na minha história...
Tenho ido e voltado dos mesmos lugares.
Perdi sombras amigáveis porque não soube lidar com elas.
Destruí o que mais quero porque não soube lidar comigo.
Ficar entre pessoas, causa-me agonia profunda.
As pessoas falando ao meu redor causam-me vertigens.
Não sei diferenciar os que riem dos que sorriem.
Quando me falam de amores, acredito neles por um minuto.
Na verdade não acredito mais em coisa alguma.
De fato nada quero, pois já não sei querer secretamente, discretamente ou me dilacerando mais ainda, para que o meu desejar não seja uma inconveniência.
Quero o meu silêncio e preciso de mim, porém não sei aonde fui parar e tenho que me encontrar, ainda que não haja realmente interesse suficiente para isto.
A minha capacidade de relacionar-me é nula por ora; nem comigo consigo estar sem ferir-me ainda mais.
Por ora resta-me acreditar que consigo voar e então flutuo.
As pequeninas coisas se tornaram enormes para mim.
Estou fazendo, desfazendo e refazendo a mesma colcha.
Quero nada não, só quero não me ferir e nem ferir aos outros, que sei já ter ferido e não sei como curar.
Quero nada, porque estou tão fragmentada, que mais nada me cabe, nem este eu esfacelado que dói multiplicadas vezes e anda espalhado por algum canto e que não recolho, para que não seja uma dor que não suportaria doer toda em uma dose só...

O pouso do Beija-Flor

Escutei o canto que ensinaste
Aprendi cada nota da melodia.
Por tantas vezes calei-me,
Em pó me transformei.
Quis ter a suavidade de flor,
Todas as cores que te atraíssem
Encantei-me com o ritual,
Aquele que deveria te encantar.
O feitiço que era para te atrair,
Enfeitiçou-me totalmente.
Vieste como se tiveste sido cativado,
Do meu néctar se saciou...
Só não me trouxeste o seu amor.