2012/08/18
Aglutinação
Aglutinação
Que poderia dizer das minhas esquinas,
Dos meus becos e das minhas ruelas,
Se nem minhas avenidas conheceu?
Que lhe é mais importante que seu chá
Esse aí, com sabor de água salobra?
Quantas juras sabia que não cumpriria
E não lhe pesa nem uma sombra...
Eu carregando disformes pedras de chumbo,
Elas não são minhas; mas temo que lhe esmaguem.
O seu sangue não é doce e nem é compatível,
Por que me interessaria por ele? Aglutinação?
Não gosto de imaginar sagu nas minhas veias,
Nem mesmo em minha boca suportaria,
Não há vinho que supere o seu amargor...
Essa unção nodosa é inteiramente incongruente,
Por alguma anomalia desconhecida preservo;
Mesmo detestando sagu!
AldraviasII
AldraviasII
1
livre
louco
alegre
absorto
liricamente
informal
2
não
chovemos
juntos
nenhum
arco
íris
3
cauda
do
cometa
viajor
de
planetas
4
loucura
alegre
abençoada
lucidez
de
mente
5
noite
adormecida
pela
manhã
desperta
abraçada
AldraviasI
AldraviasI
1
pé
de
moleque
corre
pelo
mundo
pé
de
moleque
corre
pelo
mundo
2
sobre
cavalos
marinhos
colhe
legítimas
pérolas
sobre
cavalos
marinhos
colhe
legítimas
pérolas
3
dedo
de
moça
pico
de
cristal
dedo
de
moça
pico
de
cristal
4
um
Titanic
naufragado
em
meu
coração
um
Titanic
naufragado
em
meu
coração
5
escorre
doce
lábios
parreira
de
uva
Fagulha feroz
Fagulha feroz
Mundo estranho e encantador
Belezas únicas foram vistas
Por outros olhos refletiu-se
Definiu-se e concretizou-se
Um todo desconhecido
Um santuário preservado
Um silêncio diante do secreto
Reverências para o sagrado
O líquido escorria sorrateiro
Não era possibilidade previsível
Acendeu sorridente a fagulha
Incendiou tudo que havia
Nas chamas a morte ecoa
Em labaredas tudo foi perdido
Estranho e desolador
Das chamas o choro ressoa
Entoa o riso no olho que nada vê
Agonia íntima
Agonia íntima
Já nos tornamos lendários naquela procura em vão
Rasgamos nossas peles e acariciamos nossas vestes
Perdemos nossas almas e juramos nossos enganos
Paralisamos nossas vidas e impulsionamos mentiras
Partimos de nossas moradas e acampamos no deserto
Fechamos nossas bocas para a água e cantamos ilusões
Cerramos nossos dentes para o pão e gritamos tolices
Fomos competentes e astutos ao nos destituirmos de nós
Hoje enlouquecemos nos jardins de misérias tão nossas
E os outros jamais estiveram na plateia do nosso show
Nossa agonia íntima não foi exposta como supomos
Sequer existiram olhares para os leões e nós na arena
Os outros nem souberam que fomos muito além de nós
Nem souberam de nós; estavam se protegendo da chuv
2012/08/16
À sombra do Altíssimo
Não sei dos seus passos
Perdi seus rastros
Não desatei os laços
Se ainda sei uma prece
Peço com apreço sem pressa
No lento compasso que prefiro
A última coisa que ouso
A única coisa que me permito
Assim acredito em mim
Cuidando-lhe me preservo
Sustento minha humanidade
Quero acreditar-lhe
À sombra do Altíssimo descanse
O meu amor de cansaços vãos
Que não desatei os laços
Apenas reverenciei um espaço
Aquele que não atrevi almejar
Perdi seus rastros
Não desatei os laços
Se ainda sei uma prece
Peço com apreço sem pressa
No lento compasso que prefiro
A última coisa que ouso
A única coisa que me permito
Assim acredito em mim
Cuidando-lhe me preservo
Sustento minha humanidade
Quero acreditar-lhe
À sombra do Altíssimo descanse
O meu amor de cansaços vãos
Que não desatei os laços
Apenas reverenciei um espaço
Aquele que não atrevi almejar