2012/08/18

Fagulha feroz





Fagulha feroz

Mundo estranho e encantador
Belezas únicas foram vistas
Por outros olhos refletiu-se
Definiu-se e concretizou-se
Um todo desconhecido
Um santuário preservado
Um silêncio diante do secreto
Reverências para o sagrado
O líquido escorria sorrateiro
Não era possibilidade previsível
Acendeu sorridente a fagulha
Incendiou tudo que havia
Nas chamas a morte ecoa
Em labaredas tudo foi perdido
Estranho e desolador
Das chamas o choro ressoa
Entoa o riso no olho que nada vê

Agonia íntima


Agonia íntima
Já nos tornamos lendários naquela procura em vão
Rasgamos nossas peles e acariciamos nossas vestes
Perdemos nossas almas e juramos nossos enganos
Paralisamos nossas vidas e impulsionamos mentiras
Partimos de nossas moradas e acampamos no deserto
Fechamos nossas bocas para a água e cantamos ilusões
Cerramos nossos dentes para o pão e gritamos tolices
Fomos competentes e astutos ao nos destituirmos de nós
Hoje enlouquecemos nos jardins de misérias tão nossas
E os outros jamais estiveram na plateia do nosso show
Nossa agonia íntima não foi exposta como supomos
Sequer existiram olhares para os leões e nós na arena
Os outros nem souberam que fomos muito além de nós
Nem souberam de nós; estavam se protegendo da chuv

2012/08/16

Set Fire To The Rain (Official Video)



À sombra do Altíssimo
Não sei dos seus passos
Perdi seus rastros
Não desatei os laços
Se ainda sei uma prece
Peço com apreço sem pressa
No lento compasso que prefiro
A última coisa que ouso
A única coisa que me permito
Assim acredito em mim
Cuidando-lhe me preservo
Sustento minha humanidade
Quero acreditar-lhe
À sombra do Altíssimo descanse
O meu amor de cansaços vãos
Que não desatei os laços
Apenas reverenciei um espaço
Aquele que não atrevi almejar

2012/05/06

Aprendiz de mim


Você, mesmo sem perceber, me ensinou a voltar,
Eu que só sabia partir definitivamente, voltei e volto.
Ensinou-me que a tolerância, não é só para com os outros,
Mas comigo, que desconhecia isso totalmente.
Fez com que eu entendesse que o que realmente importa,
Não tem data, não tem hora, não tem a inquietude da espera.
Ensinou-me que a espera não tem esperança, apenas é um lago,
E como um lago em plena calmaria, não agita a alma; apazigua.
Ensinou-me que estar perto daqueles a quem amamos,
É o que realmente importa e não onde e nem em que posição;
Não sabemos qual o lugar que mais importa para cada um.
Você me ensinou que a humildade não humilha; redefine fatos.
Aprendi com você, que ser frágil e temer não causam desonra,
Mas humaniza o ser que somos e tentamos ocultar.
Com você aprendi que o mínimo sempre é precioso demais,
É nele que reside a essência, e mesmo sabendo disto,
Nem sempre era vivência, mas uma concreta definição.
Você me ensinou que ser eu, poderia ser mais leve, menos denso,
Não para com os outros, mas mais suave para mim.


Você me ensinou que amar é uma dádiva, não apenas um dom.
Você me ensinou, sem saber que me ensinava e me ensina,
Então, continuo a ser permanentemente aprendiz de mim...
Em todo este aprendizado, o mais doloroso e o mais difícil,
É aceitar que um dia você poderá partir e terei que continuar sendo,
Não um peso e nem uma dor, mas somente um lago sereno.

2012/04/30


Nada não

Há tanto tempo estou perdida na minha história...
Tenho ido e voltado dos mesmos lugares.
Perdi sombras amigáveis porque não soube lidar com elas.
Destruí o que mais quero porque não soube lidar comigo.
Ficar entre pessoas, causa-me agonia profunda.
As pessoas falando ao meu redor causam-me vertigens.
Não sei diferenciar os que riem dos que sorriem.
Quando me falam de amores, acredito neles por um minuto.
Na verdade não acredito mais em coisa alguma.
De fato nada quero, pois já não sei querer secretamente, discretamente ou me dilacerando mais ainda, para que o meu desejar não seja uma inconveniência.
Quero o meu silêncio e preciso de mim, porém não sei aonde fui parar e tenho que me encontrar, ainda que não haja realmente interesse suficiente para isto.
A minha capacidade de relacionar-me é nula por ora; nem comigo consigo estar sem ferir-me ainda mais.
Por ora resta-me acreditar que consigo voar e então flutuo.
As pequeninas coisas se tornaram enormes para mim.
Estou fazendo, desfazendo e refazendo a mesma colcha.
Quero nada não, só quero não me ferir e nem ferir aos outros, que sei já ter ferido e não sei como curar.
Quero nada, porque estou tão fragmentada, que mais nada me cabe, nem este eu esfacelado que dói multiplicadas vezes e anda espalhado por algum canto e que não recolho, para que não seja uma dor que não suportaria doer toda em uma dose só...

O pouso do Beija-Flor

Escutei o canto que ensinaste
Aprendi cada nota da melodia.
Por tantas vezes calei-me,
Em pó me transformei.
Quis ter a suavidade de flor,
Todas as cores que te atraíssem
Encantei-me com o ritual,
Aquele que deveria te encantar.
O feitiço que era para te atrair,
Enfeitiçou-me totalmente.
Vieste como se tiveste sido cativado,
Do meu néctar se saciou...
Só não me trouxeste o seu amor.