Átimo
Eu não quero nenhuma das suas preces
Segure minhas mãos por um instante
Somente pelo tempo que esta lágrima cair
Não estou querendo, eu estou doendo
Não lhe darei nada desta dor que é minha
Nada lhe será tirado além de um instante
A eternidade estará sempre à sua espera
Agora eu só te peço que silencie um átimo
Deixa que este soluço, trancado como ladrão
Rompa pelo meu peito e ecoe na minha boca
Não me deseje nada do que não poderei ter
Não me peça para que eu fique em paz
Hoje eu quero e preciso viver o meu inferno
Hoje é preciso que eu chore minha humanidade
Hoje eu quero acusar e não me desculpar
A minha maternidade foi violentamente ferida
Não agradecerei a nada e a ninguém por isto
Ao menos por um instante me deixe ser humana
Ao menos por um instante preciso ser humana
Se puder, por este instante segure minhas mãos
Meum cor est in planctus ingens