2013/08/11


Átimo

 Eu não quero nenhuma das suas preces
 Segure minhas mãos por um instante
 Somente pelo tempo que esta lágrima cair
 Não estou querendo, eu estou doendo
 Não lhe darei nada desta dor que é minha
 Nada lhe será tirado além de um instante
 A eternidade estará sempre à sua espera
 Agora eu só te peço que silencie um átimo
 Deixa que este soluço, trancado como ladrão
 Rompa pelo meu peito e ecoe na minha boca
 Não me deseje nada do que não poderei ter
 Não me peça para que eu fique em paz
 Hoje eu quero e preciso viver o meu inferno
 Hoje é preciso que eu chore minha humanidade
 Hoje eu quero acusar e não me desculpar
 A minha maternidade foi violentamente ferida
 Não agradecerei a nada e a ninguém por isto
 Ao menos por um instante me deixe ser humana
 Ao menos por um instante preciso ser humana
 Se puder, por este instante segure minhas mãos

Meum cor est in planctus ingens