2013/08/14

Tal vez




Tentei fugir sim e muito!
Quis silenciar-me toda,
Ser apenas uma sombra.
Deu não, deu nada! ...
Diante desta avenida?
Sob a luz deste arco-íris?
Escutando esta orquestra?
Deu nada, deu não!
Eis-me bailando em sons únicos,
Iluminada de agora e logo mais,
Criando e construindo o pode ser.
Encantada por sonhos e talvez,
Aspergindo odores no quem sabe,
Desejando que dá, que dará sim!

Lindo dia




Agora, enquanto você repousa
No tear dos meus densos desejos
Teço um amanhã de mil rendas
Um dia de doces e ternas perfeições ...
Na esperança de você apenas vivê-lo
E que sorrirá feliz pelo tempo inteiro
Então, quando a noite despontar
Lá no horizonte azul e vermelho
Coletarei a seda nas suas palavras
A matéria-prima dos meus anseios

Disposta loucura




 Já era, já foi, já deu
 Deu? Deu nada não!
 Ficou mesmo ao Deus dará
 Dará?
 Ficou ao leu, no céu do mar
 Pirou toda a insanidade
 Ensimesmou o sonho curtido
 Cutucou fundo um pesadelo
 Que medo, que nada!
 Matou a sede com areia
 Saciou a fome com fome
 E não é que atrevi demais?
 Ato falho... Pode ser...
 Cansei de querer acertar
 Aceitei errar sem desculpas
 Culpada de ficar no riacho
 Diacho! Não tem jeito que dê!
 Surpresa nas fatias do bolo
 Olha lá! Tem pipoca pulando
 Não são estrelas cintilando
 São as luzes dos meus postes
 (Ando apaixonada por postes)
 Um fuste com lustre é sem igual
 Lá no alto passa o trem apitando
 A rota dos balões foi invadida
 Colisão feliz existe, eu sei, sabia?
 Sim, não e aquele toque duvidoso
 Liga não, falta-me a hábil malícia
 Assim vou dando bandeiras de sobra
 Que droga! Raio que nunca parte!
 Parto eu, tempestade que estou...


2013/08/11

Sal da terra



Átimo

 Eu não quero nenhuma das suas preces
 Segure minhas mãos por um instante
 Somente pelo tempo que esta lágrima cair
 Não estou querendo, eu estou doendo
 Não lhe darei nada desta dor que é minha
 Nada lhe será tirado além de um instante
 A eternidade estará sempre à sua espera
 Agora eu só te peço que silencie um átimo
 Deixa que este soluço, trancado como ladrão
 Rompa pelo meu peito e ecoe na minha boca
 Não me deseje nada do que não poderei ter
 Não me peça para que eu fique em paz
 Hoje eu quero e preciso viver o meu inferno
 Hoje é preciso que eu chore minha humanidade
 Hoje eu quero acusar e não me desculpar
 A minha maternidade foi violentamente ferida
 Não agradecerei a nada e a ninguém por isto
 Ao menos por um instante me deixe ser humana
 Ao menos por um instante preciso ser humana
 Se puder, por este instante segure minhas mãos

Meum cor est in planctus ingens
 
 

2013/01/25


Aldravias V


 

Aldravias V

(1)
serenas
bandeiras
desalinhadas
abstração
florida
fincaremos


(2)
passo
sem
você
carro
céu
imoto


(3)
coração
navegante

em
salmoura
ardo
doo


(4)
era
eu
sou

eu
mas
evola


(5)
néscio
congela
enormidades
asfixiando
duas
multidões